17/05/2022
Ação voluntária organizada por um grupo de Acadêmicos da Faculdade de Medicina de Barbacena (FAME) levou orientações sobre os riscos do tabagismo a pessoas em situação de rua, apoiados pela Casa do Cuidado.
A intervenção foi solicitada pela própria coordenação da Casa, devido à vulnerabilidade do público assistido aos problemas de saúde causados pelo tabagismo e também pela grande incidência de casos de dependência química. Na roda de conversa, os acadêmicos abordaram pontos como doenças provocadas pelo tabagismo, mudança de hábitos, abstinência e estratégias para vencer a dependência química.
O viver na rua implica uma série de vulnerabilidades de saúde, sociais e até mesmo legais. Especificamente, quando privados de acesso a serviços e ações de prevenção e apoio social, essas pessoas ficam expostas a condições de maiores riscos de sofrerem abusos, apresentarem algum diagnóstico de transtorno mental, bem como múltiplas comorbidades clínicas, incluindo o aumento do uso e dependência de substâncias tóxicas.
Segundo o Professor da FAME e médico psiquiatra, Dr. João Fábio de Carvalho, a dependência química é um tema complexo e multifatorial. “Envolve uma desregulação em uma região do córtex cerebral chamada sistema límbico (ou de recompensa). O dependente químico tem uma dificuldade maior de controle de impulsos. Essa disfunção pode ocorrer relacionada a outros transtornos, como TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), ansiedade, esquizofrenia e Transtorno Afetivo Bipolar. A própria dependência química pioraria a condição médica que propiciou o indivíduo a viver na rua e; além disso, a falta de pontos de apoio (por morar na rua) dificultaria uma boa resposta a tratamento da dependência e das condições psiquiátricas citadas”, explica.
Dessa forma, a incidência da dependência química em pessoas em situação de rua pode estar diretamente relacionada à própria dificuldade de apoio social e/ou familiar para se levar uma vida mais regrada. É aí que entra a importância do trabalho da Casa do Cuidado e de ações de voluntários, como as atividades realizadas pelos acadêmicos da FAME. “Estamos levando informações básicas em saúde nas mais diversas áreas a essas pessoas num intuito de incentivá-las a uma rotina de autocuidado, prevenção e perseverança na manutenção de tratamentos, mesmo diante de todas as dificuldades. Também mostramos os caminhos existentes, no setor público, para obterem um apoio em saúde mais efetivo”, explicou o estudante de medicina, Juliano Bergamaschine, que integra o grupo de voluntários.
O Sistema Público de Saúde oferece serviços que atendem a pessoas em situação de rua como o Consultório na Rua, Caps AD, hospitais psiquiátricos, leitos crise no Hospital Santa Casa e comunidades terapêuticas. Mas para o Professor da FAME, ainda falta uma ‘interconexão’ entre os setores. “Cada setor tem sua importância, mas acredito que o ideal seria um tratamento integrado e transdisciplinar; visto que todos esses setores tem uma importância grande no tratamento de qualquer dependência”, completou o psiquiatra.