12/04/2021
Aluna da FAME explica importância da APS na pandemia
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A acadêmica Aline Gomes Salles Tiburcio, do 7° período da Faculdade de Medicina de Barbacena (FAME), por meio da Liga Acadêmica de Medicina de Família e Comunidade, explica a importância da Atenção Primária à Saúde (APS) e da reabilitação integral de pacientes suspeitos ou diagnosticados com a Covid-19.
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“O tema é importante para comunidade por ser atual, recorrente, reforça os cuidados, algumas dicas de reabilitação, principalmente em relação à saúde mental durante a pandemia. E para medicina, o assunto é importante por mostrar qual a função da medicina de família e comunidade e da atenção primária dentro da pandemia”, diz a aluna.
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A Síndrome Respiratória Aguda Grave por Coronavírus – 2 (SARS-CoV-2) é uma infecção respiratória de alta transmissibilidade e que pode apresentar quadros leves a graves em curto período de tempo. A transmissão do vírus se dá por contato direto com uma pessoa infectada, por meio de gotículas ou aerossóis. Os casos mais leves cursam com sintomas inespecíficos, como tosse, dor de garganta, coriza, anosmia (perda do olfato), ageusia (perda do paladar), diarreia, dor abdominal, mialgia, fadiga, cefaleia, febre e calafrios. Mas é preciso ficar atento em casos de tosse persistente, febre diária, dispneia e prostração.
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Quanto ao tratamento é preciso ressaltar que não existe, até o momento, nenhuma medicação específica para combater o vírus. Vale destacar que a Organização Mundial de Saúde (OMS) não recomenda automedicação seja para prevenção ou cura, e tratamentos sem comprovação científica.
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Alguns estudos comprovam que a SARS-CoV-2 pode deixar sequelas motoras, respiratórias e neurológicas, principalmente nos pacientes que enfrentaram a forma mais grave da doença. Dentre os sintomas que persistem após a infecção viral, fadiga e dispneia são os mais observados nas pesquisas. Dor nas articulações e no tórax, tosse, anosmia, ageusia, cefaleia e manifestações psicológicas também são relatados.
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Segundo a aluna, o processo de recuperação varia de pessoa para pessoa, considerando a gravidade do caso e a presença de fatores de risco, o que exige uma abordagem específica e individualizada e um tratamento multidisciplinar, com médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, fonoaudiólogos e psicólogos. Com isso, o acompanhamento ambulatorial é importante para avaliar a persistência dos sintomas, o impacto em atividades do dia-a-dia e qualidade de vida dos pacientes.
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Neste contexto, a Atenção Primária à Saúde (APS) desempenha um papel fundamental na pandemia, pois promove o acolhimento aos pacientes com suspeita da doença, realiza o primeiro atendimento e faz o diagnóstico clínico. Também é possível fazer a testagem, a oximetria, dar suporte terapêutico e ventilatório e exames de sangue e complementares, de acordo com a infraestrutura local, a disponibilidade de equipamentos e testes e a necessidade de cada caso. Uma equipe inter e multidisciplinar é responsável pela orientação para prevenção, tratamento, acompanhamento e alta domiciliar e encaminhamento para estabelecimentos de saúde de média e alta complexidade.
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A atuação do médico da família e comunidade e toda a rede de atenção primária é muito importante na reabilitação integral dos pacientes pós-infectados pelo vírus. A abordagem deve abranger orientações sobre alimentação adequada para fortalecimento corporal, treinamento olfativo com inalação de diferentes odores, pelo menos duas vezes ao dia, com duração de mais ou menos 20 segundos e com a mente bastante concentrada para recuperação do olfato. As substâncias recomendadas são rosa, limão, cravo e eucalipto, mas outras também podem ser utilizadas, como café, sabão, orégano e chocolate. A fisioterapia é adotada como tratamento para melhora da capacidade pulmonar, recuperação de movimentos, adequação postural e ganho de massa muscular. O treinamento do padrão respiratório melhora os sintomas e alivia a ansiedade. O fisioterapeuta pode recomendar exercício aeróbico leve, como caminhadas, iniciando 3 a 5 vezes por semana, por 20 a 30 minutos e aumentando a intensidade gradualmente e de acordo com cada paciente. Exercícios de força e peso e treinamento de equilíbrio também fazem parte da reabilitação.
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Outro desdobramento da pandemia é o agravamento e o aumento dos transtornos mentais, relacionados diretamente à infecção pelo vírus e às mudanças advindas com o distanciamento social e na rotina em casa, na escola, no trabalho e nas relações afetivas. Além disso, a morte de um ente querido, em curto espaço de tempo, com a dificuldade de realizar rituais de despedida, prejudicam a experiência do luto e a ressignificação das perdas.
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Por fim, a acadêmica Aline Gomes dá algumas dicas para cuidar da saúde mental: planeje uma rotina; evite ler ou ouvir demais sobre o tema e tenha cuidado com notícias sensacionalistas; proteja as pessoas ao seu redor, informando-as sobre os cuidados necessários e acolhendo seus medos; foque em comportamentos preventivos que estão sob seu controle, como lavar as mãos, usar máscara e manter distanciamento social; não se automedique e mantenha o uso das suas medicações regulares; faça atividades relaxantes; cultive laços afetivos e ajude o próximo; reconheça o esforço dos profissionais de saúde, segurança, limpeza e outros serviços essenciais. Se estiver em sofrimento intenso, busque ajuda profissional, psicólogos e psiquiatras estão disponíveis mesmo à distância.